No passado dia 6 de dezembro, no Salão Nobre da Santa Casa da Misericórdia de Amares, decorreu uma conferência intitulada “Os Idosos na Sociedade: um país em mudança”, promovida pela Comissão de Proteção ao Idoso (CPI) e pela Provedora do Idoso de Amares, dirigida a todos os técnicos da área de intervenção social do concelho de Amares.

A Conferência teve como intervenientes o Dr. Eduardo Duque, Professor Universitário e a Dra. Conceição Sampaio – Juíza Desembargadora, ambos membros da CPI, ficando o encerramento a cargo do Presidente desta mesma Comissão, Dr. Carlos Branco.

A abertura da Conferência foi realizada pela Provedora do Idoso de Amares, Enf. Gracinda Faustino, pelo Presidente do Município de Amares, Dr. Manuel Moreira e ainda, pelo Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Amares, Dr. Álvaro Silva.
Na intervenção que dirigiu aos presentes, o Sr. Provedor pegando no tema da conferência: “OS IDOSOS NA SOCIEDADE: UM PAÍS EM MUDANÇA” deixou para reflexão de todos os presentes, a questão: NO QUE RESPEITA AOS IDOSOS NA SOCIEDADE ESTARÁ DE FACTO O PAÍS EM MUDANÇA? OU PELO CONTRÁRIO, É NECESSÁRIO RECLAMAR AO PAÍS A MUDANÇA?

Intervenção do Provedor na íntegra

Conferência “ Os idosos na Sociedade: um pais em mudança”

Muito Bom dia,
Cumprimento todas as pessoas aqui presentes, em especial, os organizadores desta conferência, Exmo. Senhor Presidente da Comissão de Proteção ao idoso, Dr. Carlos Branco, Exma. Senhora Provedora do Idoso do Município de Amares, Sra. Enfermeira Gracinda, Sr. Presidente do Município de Amares, Dr. Manuel Moreira e os conferencistas, Dra. Conceição Sampaio – Juíza Desembargadora e Dr. Eduardo Duque, Professor na Universidade Católica Portuguesa.
Começo esta minha intervenção, dizendo que é para nós, Santa Casa da Misericórdia de Amares (SCMA), uma honra muito grande receber esta conferência, já que esta instituição das cerca de 300 pessoas que diariamente cuida, 100 são pessoas idosas, que compõem as nossas valências do ERPI (Lar), Centro Dia, Centro de Convívio e Serviço de Apoio Domiciliário (SAD).
Nesta Instituição, e para a actual Mesa Administrativa, cuidar do idoso, é cuidar do futuro onde todos nós, inexoravelmente, um dia chegaremos.
Quando recebemos o gentil convite para sermos o anfitrião desta conferência, chamou-me à atenção o seu tema: “Os idosos na Sociedade: um país em mudança”. De imediato, foi assaltado por uma questão: Relativamente ao tratamento das pessoas Idosas, estará o país em mudança? Ou será necessário reclamar ao país, uma mudança?
Ao pensar no tema, vêm-me à memória, alguns estudos e algumas notícias sobre esta temática. Entre eles, refiro:
– Um estudo elaborado pela Faculdade de Ciências Humanas, da Universidade Católica Portuguesa, com o tema “Envelhecimento da População: Dependência, Ativação e Qualidade”, onde se refere, que de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE) e considerando o Censos de 2011, A população idosa (+65 anos) aumentará progressivamente de 19,2% em 2011, para 32,0% em 2060. A questão que me ocorre é: estará o país verdadeiramente a preparar esta mudança?
– Ou então, um estudo mais recente, elaborado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), estudo que envolveu 53 países, e que coloca Portugal no grupo dos cinco piores países no tratamento aos mais velhos.
Numa das citações a este estudo, a vice-presidente da Comissão de Proteção ao Idoso, DRA. Antonieta Dias, afirmava numa conferência realizada há cerca de um ano no Porto: “Portugal é o país da Europa que menos investe nas pessoas da terceira idade. A questão que me ocorre é: Estará o País a preparar a mudança?
Passando agora de uma realidade Nacional para uma realidade Local, nomeadamente a realidade da Santa Casa da Misericórdia de Amares (SCMA), talvez a situação seja ainda de menor mudança. Dos cerca de 100 idosos que diariamente cuidamos, 45 pertencem à valência do ERPI (LAR). Nesta instituição, o custo médio de um utente do LAR é de €1.148,00/mês, a comparticipação da Segurança Social é de cerca de 30% deste custo, ou seja, 390 euros.
Inseridos numa região de baixos rendimentos, onde as reformas médias rondam os 400/500 euros, cabe em muitos casos à SCMA ter de suportar estes diferenciais.
Aliado a esta situação, temos o elevado estado de degradação das nossas instalações, onde há cerca de 30 anos não há investimento. Na apresentação no passado sábado, dia 30 de Novembro, do Orçamento plurianual desta instituição, foi apresentado e aprovado necessidades de investimento que ultrapassam os 3,5 milhões de euros.
Eu peço desculpa a todos os presentes, mas não posso perder a oportunidade de ter nas nossas instalações o Sr. Presidente do Município de Amares, Dr. Manuel Moreira, para encarecidamente lhe pedir, que coloque na agenda do Município, a SCMA, principal IPSS do concelho de Amares, que há sessenta e oito anos cuida de duas classes mais desprotegidas do concelho, os Idosos e as crianças.
Se tal acontecer e nos for permitido pela Comissão de Proteção ao Idoso, muito desejaremos que a próxima conferência a se realizar nesta instituição, possa então ter como Tema: “OS IDOSOS NA SOCIEDADE UM CONCELHO QUE FEZ A MUDANÇA.

Muito obrigado, e uma boa conferência para todos.

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